quinta-feira, 12 de março de 2015

A mulher como chefe de família (ou: como já não estamos mais na pré-história)

Hoje me deparei com uma matéria que diz muito sobre nossa sociedade e o comportamento dela perante uma "chefe de família". Em resumo, a publicitária Érica Navarro virou "outra" na conta do aluguel que ela mesma assinou. Ela, que começou a morar junto a seu companheiro e recebendo mais do que ele, assumiria a dívida do aluguel. Mesmo não sendo casados, a imobiliária informou que o nome dele poderia constar no contrato, mesmo eles não sendo casados. Mesmo sendo ela a locatária, quem assinou os contratos e quem pagaria o aluguel, eis exatamente o que aconteceu:




O nome dela simplesmente SUMIU da conta (tudo bem que muitos de nós adoraria que algumas contas sumissem do nosso nome, mas não desse jeito!). A matéria completa pode ser vista aqui.

Para quem vê como uma situação isolada, foi apenas um erro, um engano. Mas quantos enganos como este acontecem diariamente? Quantas vezes o homem é visto automaticamente como o "chefe da família"?

Segundo o IBGE:


"O termo chefe do domicílio ou chefe da família sempre esteve associado à autoridade e responsabilidade pelos negócios da família e, na maioria dos casos, à mais importante fonte de sustento. Os dados mostraram, ao longo dos anos, a predominância de pessoas do sexo masculino nessa escolha.
Com o passar dos anos e a crescente participação de todos os membros da família nas decisões de âmbito familiar e, também, o crescimento do número de pessoas economicamente ativas por domicílio e o conseqüente compartilhamento no sustento da família, a palavra chefe passou a ser considerada inadequada e foi abandonada. No início da década de 90, as novas pesquisas domiciliares lançadas pelo IBGE passaram a utilizar o termo "pessoa de referência" para identificar a primeira pessoa do questionário, a partir da qual seriam verificadas as relações entre os moradores do domicílio e observadas as estruturas familiares."
Fonte: Censo 2000


Ou seja, além de tudo, o próprio termo chefe de família está obsoleto. Isso se dá pelo fato de que a participação dos outros membros da família em tomadas de decisões e sustento da casa. Um estudo publicado pela prefeitura de São Paulo aqui de outubro de 2012 mostra que o número de mulheres que chefiam a família teve um aumento de cerca de 50% na última década, sendo este aumento uma tendência nacional.

Então fica a pergunta: por que ainda muitas pessoas tem a visão de que quem manda na casa é o homem? É tão difícil (ou vergonhoso) aceitar que, apesar da insistente disparidade de salários entre homens e mulheres que ocupem o mesmo cargo, uma mulher receba mais que seu marido/companheiro/namorado?

Aparentemente, sim. Parece que o homem que deixa de "mandar em casa" é menos homem. Em algumas cabeças, se duvidar, deixar de ser quem ganha mais é perder o controle, perder testosterona.

Em tempo, já dizia a Beyoncé: "Who run the world? Girls!"


Nenhum comentário:

Postar um comentário